Ajuda Humanitária?
08.02.2010 16:47
Ajuda Humanitária?
Por Héctor R. Zamarripa (*)
A cada dia que passa vemos que o mundo sofre diversas transformações. Uma delas e também uma das mais preocupantes é a militarização do planeta. A cada dia um país é invadido vítima da hegemonia dos Estados Unidos. Na América Latina não é muito diferente. Podemos ver como à América do Sul tem se convertido no teatro de operações do Comando Sul do Exército dos Estados Unidos. A Venezuela Bolivariana está cercada por 13 bases militares possuidoras de uma colossal força militar e nuclear para intimidar não só a Venezuela, mas a todos os países que conformam este bloco que desperta a mais alta cobiça dos países ricos motivado às inumeráveis fontes energéticas e de subsistência que nele se encontram. O decadente império norte-americano tenta, em seu desespero, apoderar-se da principal fonte de energia que move o mundo, pois uma vez confirmadas as novas reservas do Orinoco, a Venezuela passará a ter a maior reserva do planeta, pois seriam o dobro segundo o Serviço Oficial de Geologia dos Estados Unidos, das da Arábia Saudita que hoje ostenta esse primeiro lugar.
Essas 13 bases têm como missão não só controlar o petróleo venezuelano, mas as reservas de gás do continente, onde a Bolívia joga um papel especial, o pré-sal brasileiro, o aqüífero Guarany, a maior reserva de água do planeta e as riquezas da Amazônia, entre outros. Todas estas ações militares que estão germinando, contam com o apoio da IV Frota Imperial, estacionada estrategicamente onde nada escape às miras dos seus sofisticados armamentos.
Quando o governo brasileiro solicitou uma explicação sobre o porquê de essa frota tão destrutiva, se nossa guerra é contra a fome, contra o desemprego, contra as desigualdades, herança dos nefastos governos servis ao neoliberalismo, a resposta oficial do governo dos EUA foi que essas forças estavam posicionadas e preparadas para prestar “ajuda humanitária” onde fosse preciso.
Também quando questionados sobre a guerra de informação, apoio a setores golpistas e desestabilização contra o governo venezuelano, dizem que é para levar democracia onde há um regime ditatorial (a pesar de todos os mandatos e ações governamentais ter sido consultados em mais de uma dezena de plebiscitos com ampla participação popular).
Com a recente tragédia no Haiti, mais um pesadelo vem para ameaçar a paz dos nossos povos. Enquanto o mundo todo se mobilizava para socorrer às vítimas do terremoto, para levar alimentos, remédios, água potável, em fim para prestar verdadeira solidariedade o pentágono se mobilizou para invadir a ilha com um porta-aviões, 33 aviões, e numerosos navios de guerra, além de 11 mil soldados, ultrapassando assim a cifra de 7.000 soldados estabelecidos pela ONU. Esta rápida militarização imperial foi conceituada pela revista Time, como uma intervenção, onde se assegura que “o Haiti se converteu no 51° estado dos EUA. O Haiti, outrora país próspero e primeiro da América Latina em obter independência dos europeus, também foi vítima da sede do petróleo, pois também possui fortes reservas do prezado ouro negro. O presidente Jean Bertrand Aristide sabia disso e tinha um plano para desenvolver este país por sempre sofrido, mas “milagrosamente” sofreu um golpe de estado que o tirou do poder acabando com o sonho de milhões de haitianos,
Só para lembrar o presidente de Honduras Manuel Zelaya foi tirado do poder com o mesmo mecanismo e em 2002 o presidente Chávez também sofreu um golpe orquestrado por Washington.
Depois do golpe de estado comandado por George Bush, As transnacionais tomaram conta do Haiti, do seu petróleo e de seus minerais, mas a indignação maior é por causa do cinismo com que falam essas forças invasoras que sua missão é “meramente humanitária”.
O golpe de estado em Honduras, o giro à direita no Chile e agora a invasão do Haiti, são sinais que o império está contra-atacando na região que sempre considerou o seu quintal. Eles virão com todos os subterfúgios que possam achar, dirão que invadem pelo bem da “democracia ou por questão humanitária” e são tão descarados que foram capazes de dizer que são os representantes da liberdade
O iminente declínio e queda da superpotência norte-americana fazem com que acelerem todos seus maquiavélicos planos de destruição dos povos para tomar o que eles precisam para manter seus privilégios, cabe a nós fortalecer-nos e não ceder um milímetro ante as arrogâncias da direita, não podemos permitir sua volta, como diria Bolívar: Vacilar é perder-nos!
Unamos-nos ou sucumbiremos.
(*) O autor é Secretário de Relações Internacionais
do Congresso Bolivariano dos Povos.